João
1 Estava então enfermo um certo Lázaro, de Betania, aldeia de Maria e de sua irmã Marta.
2 E Maria era aquela que tinha ungido o Senhor com unguento, e lhe tinha enxugado os pés com os seus cabelos; cujo irmão Lázaro estava enfermo.
3 Mandaram-lhe pois suas irmãs, dizer: Senhor, eis que está enfermo aquele que tu amas.
4 E Jesus, ouvindo isto, disse: Esta enfermidade não é para morte, mas para glória de Deus; para que o Filho de Deus seja glorificado por ela.
5 Ora Jesus amava a Marta, e a sua irmã, e a Lázaro.
6 Ouvindo pois que estava enfermo, ficou ainda dois dias no lugar onde estava.
7 Depois disto, disse aos seus discípulos: Vamos outra vez para a Judéia.
8 Disseram-lhe os discípulos: Rabi, ainda agora os judeus procuravam apedrejar-te, e tornas para lá?
9 Jesus respondeu: Não há doze horas no dia? Se alguém andar de dia, não tropeça, porque vê a luz deste mundo;
10 Mas, se andar de noite, tropeça, porque nele não há luz.
11 Assim falou; e depois disse-lhes: Lázaro, o nosso amigo, dorme, mas vou despertá-lo do sono.
12 Disseram pois os seus discípulos, Senhor, se dorme, estará salvo.
13 Mas Jesus dizia isto da sua morte; eles, porém, cuidavam que falava do repouso do sono.
14 Então Jesus disse-lhes claramente: Lázaro está morto;
15 E folgo por amor de vós, de que eu lá não estivesse, para que acrediteis: mas vamos ter com ele.
16 Disse pois Tomé, chamado Dídimo, aos condiscípulos: Vamos nós também para morrermos com ele.
17 Chegando pois Jesus, achou que já havia quatro dias que estava na sepultura
18 (Ora Betania distava de Jerusalém quáse quinze estádios).
19 E muitos dos judeus tinham ido consolar a Marta e a Maria, acerca de seu irmão.
20 Ouvindo pois Marta que Jesus vinha, saiu-lhe ao encontro: Maria, porém, ficou assentada em casa.
21 Disse pois Marta a Jesus: Senhor, se tu estivesses aqui, meu irmão não teria morrido.
22 Mas também agora sei que: tudo quanto pedires a Deus, Deus to concederá.
23 Disse-lhe Jesus: Teu irmão há-de ressuscitar.
24 Disse-lhe Marta: Eu sei que há-de ressuscitar na ressurreição do último dia.
25 Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim ainda que esteja morto, viverá;
26 E todo aquele que vive, e crê em mim, nunca morrerá. Crês tu isto?
27 Disse-lhe ela: Sim, Senhor, creio que tu és o Cristo, o Filho de Deus, que havia de vir ao mundo.
28 E, dito isto, partiu, e chamou em segredo a Maria, sua irmã, dizendo: O Mestre está cá, e chama-te.
29 Ela, ouvindo isto, levantou-se logo, e foi ter com ele.
30 (Ainda Jesus não tinha chegado à aldeia, mas estava no lugar onde Marta o encontrara.)
31 Vendo pois os judeus, que estavam com ela em casa e a consolavam, que Maria apressadamente se levantara e saíra, seguiram-na, dizendo: Vai ao sepulcro para chorar ali.
32 Tendo pois Maria chegado aonde Jesus estava, e vendo-o, lançou-se aos seus pés, dizendo-lhe: Senhor, se tu estivesses aqui, meu irmão não teria morrido.
33 Jesus pois, quando a viu chorar, e também chorando os judeus que com ela vinham, moveu-se muito em espírito, e perturbou-se.
34 E disse: Onde o pusestes? Disseram-lhe: Senhor, vem e vê.
35 Jesus chorou.
36 Disseram pois os judeus: Vede como o amava.
37 E alguns deles disseram: Não podia ele, que abriu os olhos ao cego, fazer também com que este não morresse?
38 Jesus pois, movendo-se outra vez muito em si mesmo, veio ao sepulcro; e era uma caverna, e tinha uma pedra posta sobre ela.
39 Disse Jesus: Tirai a pedra. Marta, irmã do defunto, disse-lhe: Senhor, já cheira mal, porque é já de quatro dias.
40 Disse-lhe Jesus: Não te hei dito que, se creres, verás a glória de Deus?
41 Tiraram pois a pedra. E Jesus, levantando os olhos para o céu; disse: Pai, graças te dou, por me haveres ouvido:
42 Eu bem sei que sempre me ouves, mas eu disse isto por causa da multidão que está em redor, para que creiam que tu me enviaste.
43 E, tendo dito isto, clamou com grande voz: Lázaro, sai para fora.
44 E o defunto saiu; tendo as mãos e os pés ligados com faixas, e o seu rosto envolto num lenço. Disse-lhes Jesus: Desligai-o, e deixai-o ir.
45 Muitos pois dentre os judeus, que tinham vindo a Maria, e que tinham visto o que Jesus fizera, creram nele.
46 Mas alguns deles foram ter com os fariseus, e disseram-lhe o que Jesus tinha feito.
47 Depois os principais dos sacerdotes e os fariseus formaram conselho e diziam: Que faremos? porquanto este homem faz muitos sinais.
48 Se o deixamos assim, todos crerão nele, e virão os romanos, e tirar-nos-ão o nosso lugar e a nação.
49 E Caifás, um deles que era sumo sacerdote naquele ano, lhes disse: Vós nada sabeis.
50 Nem considerais que nos convém que um homem morra pelo povo, e que não pereça toda a nação.
51 Ora ele não disse isto de si mesmo, mas, sendo o sumo sacerdote naquele ano, profetizou que Jesus devia morrer pela nação.
52 E não somente pela nação, mas também para reunir em um corpo os filhos de Deus, que andavam dispersos.
53 Desde aquele dia, pois, consultavam-se para o matarem.
54 Jesus, pois, já não andava manifestamente entre os judeus, mas retirou-se dali para a terra junto ao deserto, para uma cidade chamada Efraim; e ali andava com os seus discípulos.
55 E estava próxima a páscoa dos judeus, e muitos daquela região subiram a Jerusalém antes da páscoa para se purificarem.
56 Buscavam pois a Jesus, e diziam uns aos outros, estando no templo: Que vos parece? Não virá à festa?
57 Ora os principais dos sacerdotes e os fariseus tinham dado ordem para que, se alguém soubesse onde ele estava, o denunciasse, para o prenderem.